Dei uma desculpa qualquer. Mas a verdade é um pouco
diferente.
Um bocadinho de contexto: Na altura tinha saído da
Universidade há um ano, tinha encontrado um emprego estável, tinha mudado para
uma pequena casa, sozinho, pela primeira vez, tinha um grupo de amigos, não
muito grande, sobretudo colegas da faculdade, mas andávamos sempre juntos para
todo o lado, à noite e ao fim-de-semana.
Um dia ela apareceu. Era amiga de uma das raparigas do grupo
e conforme apareceu, tirou-me o folego.
Chamava-se Andreia e, assim que a vi, soube que estava
bastante acima da minha liga. Deveria estar numa capa de revista e não numa
mesa de café connosco!
No entanto acabamos por nos conhecer e, para minha enorme
surpresa, alguma coisa entre nós funcionou.
Um mês depois começamos a sair os dois, jantar, cinema… e em
pouco tempo estávamos a namorar.
E se a aparência dela era a de uma “sex symbol”, na cama ela
era devastadora! Uma verdadeira bomba. Depois de começarmos a fazer sexo,
qualquer altura ou local era bom, fosse o parque de estacionamento de um centro
comercial, na praia, em qualquer sitio da casa dela ou da minha… Ela parecia
não ter limites e eu estava no sétimo dos céus.
Ela era mesmo muito liberal, não havia nada que não valesse
e, pelo caminho, para apimentar mais a coisa, íamos falando de fantasias… Por
vezes víamos filmes porno e ela perguntava “Gostavas de fazer aquilo” e muitas
vezes fazíamos.
Um dia, quando víamos uma cena de dupla penetração, ela
perguntou-me o mesmo, ao que eu respondi que não sabia, sinceramente. Uma vez
que não fazia ideia de como reagiria.
Ela continuou:
-Mas imagina que eu gostava e estava a ter prazer em
fazê-lo…
-Bem, mesmo assim não sei qual seria a minha reacção, mas
não acredito que quisesse participar…
-Mas e se eu quisesse muito?
-És sempre livre de fazeres o que quiseres… - respondi-lhe
com um sorriso.
E aquilo ficou por ali, ou quase, porque depois disto
tivemos uma noite alucinante!
Uns meses mais tarde aproximávamo-nos do meu aniversário e
ela começou a ficar entusiasmada, a falar dos meus anos, se eu tinha alguns
planos e eu disse-lhe que não. Ela ficou com um brilho nos olhos e disse que
ela tratava de tudo e que ia fazer uma festa para eu me lembrar…
No dia dos meus anos ela telefonou-me logo pela manhã para
me dar os parabéns e disse que, tal como eu, tinha tirado o dia, que tinha
convidado os meus melhores amigos e para eu ir ter a casa dela, que fazíamos
por lá o almoço.
Cheguei a casa dela, um pequeno apartamento num rés-do-chão
alto que tinha um pequeno quintal para a parte de trás do prédio onde havia uma
churrasqueira, perto das onze e meia. Ela recebeu-me com uma cerveja na mão e
vestida com uma espécie de camisa demasiado grande para ela (acho que lhes
chamam “boyfriend shirt”) que usava como se fosse um vestido curto. O tecido,
branco, não era propriamente transparente, mas quando se lhe colava ao corpo,
quase ficava. Dava para ver claramente que não estava a usar nada por baixo e
apeteceu-me, logo ali, tirar-lhe a camisa e deitá-la no chão, mas, apesar dos
meus avanços, ela travou-me.
-Os teus amigos devem estar a chegar e tens de ir tratar de
grelhar a carne.
Fui para o pátio, tratei de acender o lume e começar a assar
a carne. Daí a pouco os meus amigos, que para todos os efeitos vou chamar de
João e Tony, chegaram e juntaram-se a mim, já com cervejas na mão, guiados por
ela. Ela estava vestida da mesma maneira que me recebeu.
Não é que eu seja púdico, mas desagradou-me que a minha
namorada estivesse vestida daquela forma tão provocadora à frente dos dois. Ela
voltou para a cozinha, onde estava a preparar o resto do almoço e eu deixei-os
por um momento, fui à cozinha.
-Olha lá, não achas a tua indumentária só um bocadinho
provocadora?
-Não sejas parvo. São teus amigos e eu estou em minha casa.
Queres que me vista como uma freira?
Não gostei, mas também não estava disposto a começar uma
discussão, muito menos no meu dia de anos, com os meus amigos ali ao lado. Por
isso relevei, voltei a sair e continuei a grelhar a carne.
O almoço correu bem, foi animado e bastante regado. A dada
altura, já depois de bebermos um café e de alguma conversa, fui à casa de banho.
Quando saí, havia músicas no ar: Quizomba! Quando cheguei à sala ela estava a
dançar com o João, encaixada na perna dele, enquanto ele a agarrava e
balançava. Ela, evidentemente, roçava-se nele e ria. Na hora olhei para ela e
perguntei-lhe o que se passava.
-Estamos só a divertir-nos,
disse ela, largando o João e dirigindo-se ao Tony, com quem começou a dançar
nos mesmos preparos, sendo que o João, quando foi largado, foi atrás delas,
agarrando-a por trás. Ela dançava colada ao Tony, roçando-se nele explicitamente
quanto se balançava e roçava contra o membro já notoriamente duro do João,
provocando deliberadamente. O João, começou a deslizar as mãos ao longo do
corpo dela, até que chegou aos seios, altura em que ela olhou para mim, riu,
provavelmente do meu ar estupefacto, e beija o Tony ao de leve, dando-lhe um
linguado em seguida, virando-se depois para o João a quem beijou também.
-Podes explicar-me o que é que se
está aqui a passar?
-Parece-me bastante óbvio. –
respondeu ela – E tu, sais ou sentas-te e ficas quieto, porque o que vai
acontecer acontecerá quer tu cá estejas, quer não!
Fiquei estático primeiro. Depois
sentei-me.
Eles já não se contiveram mais,
arrancaram-lhe a pouca roupa, deixando-a nua e começaram a beijá-la, apalpá-la…
Sentaram-na no sofá e o João
ajoelhou-se à sua frente, começando a lambê-la enquanto ela desapertava as
calças do Tony, avidamente, libertando-o e engolindo-o de uma só vez,
provocando-lhe um estremecimento de prazer. Entretanto o João continuou até lhe
provocar um orgasmo cujos gritos foram abafados pelo membro do Tony, que ela
continuava a chupar.
Depois de a fazer vir, o João
levantou-se, tirou a roupa, ajoelhou-se de novo à sua frente e começou a
fodê-la.
Ela, obviamente, delirava de
prazer.
As coisas foram aquecendo mais e
mais, tornando-se a cada passo mais animalescas e brutais. Eles usaram-na
completamente. Já perto do fim, ela fez o Tony sentar-se no sofá, empalou-se
nele e com uma voz rouca de tesão implorava para que o João a sodomizasse ao
mesmo tempo, a que ele acedeu de bom grado, fazendo-a ter a sucessão de
orgasmos mais intensos que testemunhei na vida. Quando ela finalmente colapsou,
eles saíram dela, puseram-se um de cada lado e ela masturbou-os até se virem
por cima das mamas e da barriga dela.
Finalmente satisfeitos, eles
vestiram-se, ela acompanhou-os à porta e voltou com um ar de felicidade
estampado no rosto, mal olhando para mim e disse:
-Vou tomar um duche rápido e já
volto.
E desapareceu no corredor para a
casa de banho.
Durante todo este tempo, mal me
mexi. Creio até que mal pestanejei.
Ela voltou, gloriosamente nua,
ainda com o cabelo molhado, ajoelhou-se à minha frente com um sorriso de orelha
a orelha e finalmente olhou bem para mim. O sorriso apagou-se-lhe de repente.
-Estás bem?
Não respondi.
-Agora vou tratar de ti… - disse
ela aproximando-se.
Afastei-a de repente, com
brusquidão, levantei-me finalmente, olhei-a! A mulher que eu adorava, com quem
planeava passar a minha vida não estava ali, e eu sabia que nunca mais
existiria, porque o que estava no seu lugar era este ser que me tinha desrespeitado
e humilhado mais que qualquer outra pessoa no mundo o fizera até hoje, e que
tinha tido prazer nisso.
-Obrigado pelo meu presente! –
disse-lhe duramente – Não precisavas ter-te incomodado tanto! Mas, também, não
me pareceste assim tão incomodada, antes pelo contrário, portanto acho que o
presente não era para mim…
Ela olhou-me, sem saber o que
dizer. Depois, não encontrando palavras, fixou os olhos no chão, em silêncio,
ao mesmo tempo que eu lhe voltava as costas e me dirigia à porta de entrada.
Saí e fechei a porta atras de
mim, sem olhar para trás.
Minutos depois o meu telemóvel
começou a tocar insistentemente, alternando o toque de chamada com avisos de mensagens.
Bloqueei o numero dela e apaguei todas as mensagens sem ler. Afinal, a pessoa
que eu conhecia e amava já tinha morrido e nada me interessava a pessoa que a
tinha substituído.
À noite tocaram-me à porta. Era o
João e o Tony.
-Vá lá, meu! Abre. Sabemos que estás
aí… A malta tem de falar.
Não abri. Ficaram ali algum tempo
até que acabaram por se ir embora quando alguns vizinhos começaram a reclamar
do barulho que faziam nas escadas.
No dia seguinte pedi transferência
para um departamento no interior do país que me foi prontamente concedida e uma
semana depois saia da cidade para uma nova vida.
Vi-a anos depois, num
supermercado, numa das raras vezes em que vim visitar os meus pais. Ela viu-me e
sorriu. Eu virei-lhe as costas. Não a conhecia!
Não tenho palavras. Mas sim, quando decidimos que é não, que é o fim, tudo o que fizeste, faço-o também
ResponderEliminarPor vezes aquilo que parece um fim é apenas um novo começo.
EliminarAgradeço o comentário em nome do autor